Saturday, August 14, 2010

Reflexões (1)

Com o fim dos Mundiais de Wroclaw, terminou mais um ciclo na nossa modalidade. E foi um ciclo que trouxe muitas mudanças positivas mas que, em alguns aspectos, manteve a mesma inactividade e a mesma passividade que não se coadunam com uma modalidade que diz "aos 7 ventos" que quer/deve ser Olímpica.

Duas mudanças substanciais e muito positivas:
- comparativamente com o Mundial de 2008 em Glasgow, registaram-se quase o dobro dos países presentes - 17 em 2008 e 30 países em 2010!!
- a vitória já não sorriu apenas aos países de leste - Rússia com 1 título (trios) e Ucrânia com outro (pares femininos); mas graças ao fenomenal trabalho desenvolvido desde há quase 20 anos na Grã-Bretanha este país levou 2 medalhas de ouro (quadras e pares masculinos) e os americanos voltaram a ter um Rei e uma Raínha nos Mistos - tal como em 2004.

Negativamente:
- a FIG tem apostado muito na formação e promoveu 4 Academias FIG para este ano. A de grau 3 que deveria decorrer em Lisboa este mês de Agosto foi cancelada por insuficiência de inscritos e a de grau 1 que decorreu no Canadá teve 15 inscritos de 3 países (felizmente o Brasil foi um deles). As outras duas ficaram também sem efeito. Mas, inegavelmente, neste aspecto, muito do mérito é português pois as academias de grau 1 e de grau 2 que houve foram realizadas cá em Portugal.

Apresento agora algumas conclusões interessantes retiradas exclusivamente dos resultados dos últimos Mundiais.


Média 1 - Somatório das Médias de Dificuldade + Execução + Artística do Top 8 dos Mundiais de 2010.
Média 5 - Somatório das Médias e Dificuldade + Execução + Artística de TODOS os participantes nos Mundiais 2010
A terceira coluna refere à percentagem de P/G que não chegaram aos 10 pontos de Dificuldade (é impressionante!!)

O que é que conseguimos retirar daqui:
- Nos Pares Mistos o Top 8 teve médias de 28 pontos no Equilíbrio e no Dinâmico!! Ou seja, foi um grupo de 8 Pares com um nível extraordinariamente elevado (e Portugal esteve presente nesse fantástico leque de competidores!)
- Contudo, e talvez fruto de serem 22 participantes, é também nos Pares Mistos que se regista a pior média de entre todos os competidores - não chegando aos 53 pontos. Ou seja, em 22 Pares Mistos, o nível foi imensamente heterogénio com 3 partes bem distintas da tabela classificativa - 1º-8º; 9º-14º; 14º-22º (de forma genérica)
- O oposto ocorreu precisamente nos Pares Femininos (eram apenas 10) e, portanto o Top 8 difere pouco do Top 10 (ou seja, de todos).
- valor muito importante são os 54 pontos registados na média de todos os P/G em competição
- outro valor de destaque prende-se com o Top 8 - 55,6 (a apenas 0,4 dos 28 pontos de média)

- por fim, a coluna da Dificuldade! Intuitivamente achamos que são os Trios que mais cumprem os requisitos de Dificuldade. Falso! Foram os Masculinos que mais conseguiram esse objectivo. Há muitas conclusões a retirar desta coluna. Podiamos analisar a questão dos Pares Femininos e das Quadras (apenas 10 em prova e em quase metade dos exercícios não foram atingídas as notas para ter 10) ou mesmo os 45% de exercícios dos Trios que não deram para 10.

Por agora ficamos por aqui. E se analisarem bem o quadro já dá muito que pensar para o que queremos de futuro para a nossa modalidade em Portugal.

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