Sunday, November 18, 2007

Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática

PORTUGAL

Tal como prometido, este post faz uma breve análise da prestação dos ginastas nacionais no Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática.

As primeiras ginastas a entrar em acção foram Vera Costa/Joana Correia/Heloise da Silveira, do Trio 11-16. A competição desta especialidade é sempre muito renhida e difícil, mas a regra que apenas permite um par/grupo por país na final, aumenta ainda mais a hipótese de ter alguns portugueses entre os eleitos.
Apesar das excelentes prestações do trio luso, estas ginastas terminaram as preliminares em 12º lugar, mas dadas as repetições de países, passaram à final em 8º. Do meu ponto de vista, nada poderia ser mais justo para com o trabalho (árduo) das ginastas portuguesas que sempre estiveram incansáveis durante toda a fase de preparação. Neste escalão, tudo se decide nos mais ínfimos pormenores (os elementos apresentados são, na sua grande maioria, obrigatórios, e por isso, o peso da nota artística é imenso) o que acarreta uma dose de incerteza e mesmo alietoriedade (diga-se até injustiça) em algumas notas. Na final, conseguiram subir dois lugares e terminaram o seu Campeonato da Europa no 6º posto (entre 21 participantes). Belíssima prestação.

Ana Duarte/Jessica Luís conseguiram realizar um bom exercício de Equilíbrio, mas no Dinâmico, fruto de uma penalização de dois pontos, ficaram completamente arredadas de qualquer hipótese de sonhar com as finais. O 20º lugar parece pesado demais para a prestação deste Par Feminino, mas no escalão 11-116, qualquer pequena falha é absolutamente comprometedora.

Importa frisar que todos estes ginastas do escalão 11-16, conseguiram o apuramento para esta prova internacional em virtude de três momentos de controlo em Portugal promovidos pela FPTDA. Os critérios eram rígidos e absolutamente incontornáveis pelo que, qualquer ginasta aqui presente, esteve-o por direito próprio e conquistou merecidamente o seu lugar neste Europeus.

Tiago Rodrigues/Ivo Gabadinho, competindo nos Pares Masculinos, partiam com 0,5 pontos de penalização em cada exercício devido à diferença de alturas. Dois bons exercícios levaram-nos à Final em 5º lugar. No entanto, foi um par muito penalizado na nota artística, motivo também pelo qual terminou a sua presença nos Europeus nesse mesmo 5º posto.

Resta-me falar de Filipe Norton e Filipa Silva. Foram o par/grupo Revelação deste escalão para as hostes nacionais. O primeiro exercício acusou um pouco da responsabilidade de tão importante prova, mas o segundo foi seguro e muito contribuiu para terminarem as preliminares em 5º lugar e acederem à final no 3º posto!! Infelizmente, o sonho do pódio quedou-se a uma décima frente ao Par Misto Ucraniano (de quem já falei noutro post). De qualquer das formas, foi uma prestação espectacular do par nortenho e uma agradável surpresa nestes Campeonatos.


Os Juniores apresentaram-se em duas especialidades: Pares Femininos e Masculinos (aliás, importa salientar que este é o segundo Campeonato da Europa em que Portugal apresenta um Par Masculino em cada escalão em competição – e agora em 2007, foi a única especialidade em que tal se verificou).

Ana Martins e Inês Luz entraram bastante bem no exercício de Equilíbrio. No Dinâmico, porém, sofreram uma grande penalização que as colocou em 8º lugar no final do segundo dia de prova. Quando faltava apenas o exercício Combinado, as ginastas portuguesas estavam, assim, apuradas para a Final. No entanto, o par ucraniano haveria de ultrapassar o par português que se quedou no 9º posto a escassos 0,05 pontos do tão desejado apuramento. As búlgaras haveriam de ultrapassar as portuguesas pela diferença mínima. Para o ano, tudo muda para estas ginastas ao atingirem o escalão Sénior. Apesar de não terem alcançado a Final nesta prova, mostraram que estão preparadas para os novos desafios e que estão no bom caminho para as difíceis provas que se aproximam.

David Varela e João Assunção apresentaram-se muito seguros e com elementos de boa dificuldade – sobretudo no exercício de Dinâmico. No entanto, sofreram também uma penalização de 0,5 pontos em cada exercício por diferença de alturas superior ao regulamentar. Feitas as contas, essa diferença de altura (1,5 pontos no total) teria sido suficiente para os colocar na Final. Assim, quedaram-se no 7º posto. De outra forma, teriam alcançado o 6º lugar e o direito de disputar a tão desejada Final. A base de progressão destes ginastas é, ainda, enorme e têm, certamente muito para dar à Ginástica Acrobática Nacional. Depois do Ivo e do Nuno, Telmo e do Hugo, parece que o Algarve encontrou os seus sucessores nos Pares Masculinos.

E eis-nos nos escalão Sénior.
Joana Vicente/Débora Pinto/Joana Geada e João Maia/Tiago Figueiredo: estes eram os ginastas Seniores que representariam Portugal nos Campeonatos da Europa.
O Trio Sénior esteve bastante sólido durante todas as suas prestações mas foram fortemente penalizadas na nota artística durante toda a prova. Apesar dos bons exercícios realizados – sobretudo o Equilíbrio, onde, aliás tiveram a mais alta pontuação de dificuldade de toda a prova de Trios – algumas notas (como a de execução no Dinâmico) foram muito abaixo do que é normal. No entanto, a passagem à Final foi a concretização de um enorme objectivo. O 6º posto manteve-se no final da prova apenas por uma questão de nota de dificuldade: o Trio Russo teve mais dificuldade que as portuguesas e conquistou o 5º lugar por apenas 0,067 pontos. Foi uma das mais fortes provas de todo o Europeu e Portugal esteve condignamente representado na Final.

O Par Masculino João Maia e Tiago Figueiredo conseguiram o melhor resultado para Portugal nesta competição ao alcançarem o 4º lugar. O pódio esteve muito perto durante toda a prova e ficou provado que é possível conquistar os lugares mais importantes de qualquer competição internacional sem esperar, como dantes, que os supostos “melhores” tivessem falhas. Portugal já se pode gabar de ir entrando para esse lote...
Numa prova dominada pela Rússia e a Ucrânia (com esta a levar a melhor), a disputa que coube aos ginastas lusos era o terceiro lugar do pódio. Durante as preliminares (onde se destacou um excelente exercício de Equilíbrio e um menos bom de Dinâmico), os portugueses foram ascendendo os lugares da tabela classificativa até à passagem para a Final em 4º lugar. E numa Final tudo é possível. Talvez o facto do João e o Tiago terem feito imediatamente antes do Par Inglês (seu adversário mais directo) tenha sido importante para o desfecho da competição, mas neste nível, a prestação é sempre o mais importante. Os Portugueses estiveram bem e os Ingleses também. A diferença foi escassa. No entanto, foi importante ter terminado a prova à frente da Bulgária e da Polónia (3º classificados no Campeonato do Mundo) – é a segunda prova consecutiva que o Par Português termina à frente do Polaco. Ainda há muita progressão para estes ginastas e todas as provas são lições para todos quantos delas querem retirar ensinamentos. Esta não foi excepção.

Portugal conseguiu 5 Finais de entre as 8 possíveis. Um excelente resultado colectivo.

No comments: